Qual Jesus você segue?

Por: Eduardo Medeiros

Essa pode parecer uma pergunta estranha, afinal de contas, Jesus é um só.

Será mesmo? Será que a pessoa de Jesus, o que ele representa, tem o mesmo significado para cada um de nós? Será que todas as imagens que temos de Jesus condiz com o que a Bíblia diz sobre ele? Será que a imagem que fazem dele tem a ver com o que ele mesmo diz sobre si?

Não pretendo escrever um livro esgotando o assunto, apenas algumas linhas abordando as visões que encontramos sobre Jesus com o objetivo de encorajar aos leitores a buscar nas Escrituras o verdadeiro Jesus. E segui-lo!!

Jesus não foi somente um bom homem, nem foi um fantasma, muito menos a reencarnação de algum príncipe que alcançou a iluminação máxima, ele também não é (um) deus ou uma criatura como o Arcanjo Miguel, Jesus não foi um revolucionário político, muito menos um barbudo socialista, nem mesmo um profeta qualquer, nem um jovem mimado que faz a vontade da mãe, e mesmo que você leve em conta alguma divindade nele, ele não é “aquele cara lá de cima”. Acho que eu não preciso dizer que ele não foi um lunático suicida também.

Para muitos, Jesus é divino, ele é uma das pessoas da Santa Trindade, o único filho de Deus, ele é Senhor, e nasceu de uma virgem, morreu sobre o poder de Pôncio Pilatos mas ressuscitou ao terceiro dia, subiu aos céus e está sentado a destra de Deus pai de onde há de julgar os vivos e os mortos e retornará glorioso naquele dia. Tudo isso é verdadeiro, e mesmo assim, para a grande massa papista, esse Jesus verdadeiro, ortodoxo e dogmático do credo não tem poder absoluto, sua Palavra está abaixo das tradições eclesiásticas criadas por homens ao longo dos séculos, sua soberania está submissa a vontade da Virgem Maria, sua mãe. Na verdade, esse Jesus só é redentor se for juntamente com ela, ou seja, Jesus somente não é suficiente ou competente para tal missão de Deus pai de remir e redimir a “massa damnata”.

Existe também um Jesus bem parecido com a descrição acima, mas igualmente impotente e insuficiente, na verdade, um Jesus quase coitadinho em se tratando de soberania na salvação de pecadores. Roendo as unhas, esse Jesus aguarda ansioso pela decisão dos homens em escolhê-lo. A diferença desse para aquele, é que esse Jesus age sozinho, sem o auxílio da mãe – muitas vezes odiada por esse grupo sem razão – e mesmo assim, não tem poder para salvar ninguém, até que o pecador decida pelo seu arbítrio livre crer nele. Esse mesmo Jesus se subdivide em outros “Jesuses”, por exemplo, um Jesus que morreu na cruz com a intenção de dar aos dizimistas uma vida próspera, ou sem nenhum problema existencial, seja ele de saúde, financeiro, familiar ou de possessão demoníaca, desde que você decrete, determine, faça correntes e campanhas, dê o dízimo, o trízimo, compre um sabonete ungido, uma rosa ungida, um lenço ungido ou qualquer amuleto da sorte ungido e dê o seu dinheiro todo ao pastor da televisão, ou faça qualquer outra tolice antibíblica, irracional e desesperadora, pois o mais importante é a fé na fé, e não a fé no Jesus Bíblico. Nesse caso, a fé se resume apenas em, das arquibancadas da vida, fazer uma boa torcida com os olhos fechados e bem apertados, quase cruzando os dedos e fazendo uma figa, para que você consiga mudar o Deus imutável a seu favor, em seu benefício.

Tem um Jesus psicólogo, um Jesus coach, um Jesus terapeuta. Esses “Jesuses” não salvam, não redimem, não são redentores, não tratam com o pecado do ser humano. Ele existe apenas para dar soluções práticas e pragmáticas aos nossos problemas existenciais seculares. É um tipo de Jesus “panos quentes”, que morreu na cruz por causa dos “problemas” e não por causa dos pecados, aliás, ele nem precisava ter morrido na cruz.

Um Jesus liberal, aquele que não existiu, que não nasceu da virgem, que não é filho de Deus, que não ressuscitou e muito menos está a destra de Deus Pai, é o Jesus que aprendemos nas maiorias dos seminários teológicos com os mestres ateus PHDs em teologia. Depois de formados nesses seminários e ordenados ao ministério, assumimos os púlpitos das igrejas para colocar em prática uma esquizofrenia teológica. Crer num Jesus que não existe, pois a Palavra que fala sobre esses Jesus não é confiável, está cheia de erros e não é e nunca foi a Palavra de Deus!!

Há ainda um Jesus místico, que se mistura com o horóscopo e seus ascendentes, com a magia, com o espiritismo e outras religiões místicas. Mas esse Jesus não difere em nada dos outros já citados, ele continua sendo fraco, incompetente, insuficiente, na verdade, ele nem é Deus para esse grupo.

E pra fechar, temos um Jesus da galera que não rouba, não fuma e nem cheira, um Jesus maneiro, sangue bom, que te aceita do jeitinho que você é, e você nem precisa mudar em nada, afinal, ele odeia só o pecado, mas ama o pecador e morreu por todos, como dizem: “eu também sou filho de Deus”, então tá tudo “serto” (SQN). Esse Jesus é tipo um guarda-chuva, ele é um incomodo quando não está chovendo, um trambolho chato de carregar pra cima e pra baixo, e é só na hora da chuva que ele presta. Mas é só a chuva passar que você acaba esquecendo-o dentro do ônibus. Relaxa, depois você arruma outro “Jesus”, existem vários por aí.

Afinal, quem é Jesus?

Antes mesmo do nascimento de Jesus, na verdade, séculos antes, já havia sido dito pelos profetas sobre a vinda do messias (Isaías 9.6-7...) , e até mesmo antes dos profetas, Moisés avisa ao povo que Jesus viria (Deuteronômio 18.15), e se continuarmos seguindo a linha da história para trás, vamos chegar em Gênesis onde também se fala da chegada de Jesus, o protoevangelho (Gênesis 3.15). Com esse primeiro ponto já podemos identificar algo importante, Jesus já era anunciado e esperado há séculos e séculos, até que, na plenitude dos tempos, nascido de mulher, e sob a Lei, o Deus Conosco encarna (Gálatas 4.4). Você pode ser bastante cético e pensar que Jesus poderia manipular os acontecimentos na sua época, como se fosse um charlatão ou um estelionatário. Mas ele poderia manipular o que foi dito e profetizado a seu respeito? Por exemplo, como ele poderia manipular o seu próprio nascimento em concordância com a profecia? (Mateus 1.23 x Isaías 7.14). Em Mateus 1.21 achamos o principal propósito de Jesus, “salvar o seu povo dos pecados deles” (que não tem nada a ver com os propósitos dos “Jesuses” supracitados). E de fato ele faz isso, esvaziando-se a si mesmo e assumindo forma de servo e homem, humilhando-se até a morte, e não qualquer morte, mas a mais humilhante e vergonhosa, dolorosa e torturante morte da sua época. A morte de cruz. Mas qualquer bandido hediondo ou traidor do Império Romano daquela época poderia sofrer essa morte, então esse tipo de morte não faz Jesus especial em nada? A diferença está no antes e depois da morte.

Primeiro, ele anunciou aos seus discípulos a sua morte várias vezes mesmo antes dela acontecer (Mt 16.21, 20.17, 26.1,2 – Mc 8.31, 9.30, 10.32 – Lc 18.31). Como ele poderia garantir que isso realmente aconteceria do jeito como ele disse, já que ele não era um bandido hediondo, um assassino e nem um traidor do Império? (Mc 15.14 – Lc 23.4 – Jo 18.38).

Segundo, Jesus ressuscitou ao terceiro dia!! Partindo do princípio que estou falando à pessoas que depositam sua fé em Jesus, ainda que de forma distorcida, quero pedir-te que leia em sua Bíblia* todo o capítulo 15 da primeira Carta aos Coríntios, principalmente o verso 14, que diz: “Se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e vã a nossa fé“, no verso 17 diz: “Se Jesus não ressuscitou, é vã a nossa fé, e permanecemos em nossos pecados”. Perceba que, o que faz a ressurreição de Cristo Jesus ter o maior peso de importância não é ele ter voltado a vida simplesmente, outras pessoas antes e depois dele também ressuscitaram - o próprio Jesus ressuscitou Lázaro - mas morreram novamente. O que faz então a ressurreição de Jesus ser especial? Cristo Jesus é chamado de “as primícias dos que dormem” (1Co 15.20), e “o primogênito entre os mortos” (Cl 1.18 – Ap 1.5), apontando para a glorificação e vida eterna, pois ele não morreu novamente, antes, com o corpo glorificado, foi assunto aos Céus e está a direita de Deus pai, e isso deveria nos causar a sensação de segurança em suas palavras quando ele diz que ressuscitaremos com ele (Efésios 2.6). Não esqueça que todos os relatos de ressurreição que encontramos nas Escrituras é um milagre de Deus usando uma pessoa sobre o morto, no caso de Jesus, ele mesmo se ressuscitou (pelo poder do Santo Espírito), ele é o coautor dessa ressurreição, ele ressurgiu pelo seu próprio poder (Jo 10.18, 11.25, 2.19-21). Digo coautor, levando em conta que esse maravilhoso plano foi traçado pela Santa Trindade (At 2.24 – 1Co 6.14 – Rm 8.11).

Trindade é um assunto um tanto difícil de tratar, a nossa mente finita e limitada não consegue conceber o que as Escrituras afirmam sobre Deus ser um em três pessoas distintas. Prefiro deixar esse assunto sobre a mesa e tratá-lo separadamente.

Bom, pra terminar, vamos desembolar um pouco o tal Jesus Coach e o Jesus tranquilo e suave. Acabamos de falar sobre a Trindade, ou seja, Jesus é Deus! Ele não é (um) deus, muito menos, mais um deus entre tantos outros, ele é Deus! Isso deveria causar em você algum desconforto, pra não falar pavor, medo, terror, não que Jesus seja um tirano malvadão, mas ele é a pessoa que vai te salvar (ou não) da morte eterna, da perdição, do sofrimento eterno, “onde o fogo não se apaga e o verme não morre” (Mc 9.48). “Louco, essa noite pedirão a tua alma” (Lc 12.20), por tanto, não seja um avarento esperando regalar-te na sua vida cheia de coisas e vazia do verdadeiro Jesus, antes, se reconheça como devedor de tudo que recebeu (1Co 4.7), e pior, reconheça-te como pecador, merecedor da morte eterna, arrependa-se e de joelhos, confesse com a tua boca que “não há salvação em nenhum outro (“Jesuses”, a não ser o bíblico), porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens (seja o nome de Maria, dos Santos, de Maomé, de Buda . . .), pelo qual importa que sejamos salvos” (At 4.12).

A Declaração de Fé do Ministério Fiel expressa bem sobre o verdadeiro Jesus Cristo, sua obra redentora expressa no Evangelho e a justificação de pecadores:

6. O Evangelho. Cremos ser o evangelho as boas novas de Jesus Cristo — a própria sabedoria de Deus. Completa loucura para o mundo, ainda que seja o poder de Deus para aqueles que estão sendo salvos, essas boas novas são cristológicas, centradas na cruz e na ressurreição: o evangelho não é proclamado se Cristo não for proclamado, e o Cristo autêntico não terá sido proclamado se sua morte e ressurreição não forem centrais (a mensagem é: “Cristo morreu pelos nossos pecados… e ressuscitou”). Essa boa nova é bíblica (sua morte e ressurreição são de acordo com as Escrituras), teológica e salvífica (Cristo morreu pelos nossos pecados para nos reconciliar com Deus), histórica (se os eventos salvadores não tivessem acontecido, nossa fé seria vã, ainda estaríamos em nossos pecados e seríamos, de todos os homens, os mais dignos de compaixão), apostólica (a mensagem foi confiada aos apóstolos e transmitida por eles que eram testemunhas desses eventos salvíficos) e intensamente pessoal (quando ela é recebida, crida e firmemente retida, pessoas são individualmente salvas).

7. A Redenção de Cristo. Cremos que, movido pelo amor e em obediência ao Pai, o Filho eterno tornou-se humano: o Verbo se encarnou, plenamente Deus e plenamente ser humano, uma Pessoa em duas naturezas. O homem Jesus, o Messias prometido de Israel, foi concebido pela milagrosa atuação do Espírito Santo e nasceu da virgem Maria. Ele obedeceu perfeitamente ao seu Pai celestial, viveu uma vida sem pecado, realizou sinais e milagres, foi crucificado sob Pôncio Pilatos, ressuscitou corporalmente da morte ao terceiro dia e ascendeu ao céu. Como Rei mediador, ele está assentado à destra de Deus Pai, exercendo no céu e na terra toda a soberania de Deus, e é nosso Sumo Sacerdote e justo Advogado. Cremos que por sua encarnação, vida, morte, ressurreição e ascensão, Jesus Cristo agiu como nosso representante e substituto. Ele o fez para que nele fôssemos feitos justiça de Deus: na cruz ele cancelou o pecado, propiciou a Deu, e, carregando toda a penalidade de nossos pecados, reconciliou com Deus todos os que creem. Por sua ressurreição, Cristo Jesus foi vindicado por seu Pai, quebrou o poder da morte e venceu Satanás, que anteriormente tinha poder sobre ela, e trouxe vida eterna a todo seu povo; por sua ascensão, ele foi para sempre exaltado como Senhor e nos preparou um lugar para estarmos junto dele. Cremos que a salvação está em nenhum outro, porque não há nenhum outro nome dado debaixo do céu pelo qual sejamos salvos. Porque Deus escolheu as coisas humildes deste mundo, as desprezadas, as coisas que não são, para anular as coisas que são, nenhum ser humano poderá se vangloriar diante dele — Cristo Jesus tornou-se para nós sabedoria de Deus, ou seja, nossa justiça, retidão, santidade e redenção.

8. A Justificação de Pecadores. Cremos que Cristo, por sua obediência e morte, pagou plenamente a dívida de todos aqueles que são por ele justificados. Pelo seu sacrifício, ele carregou em nosso lugar o castigo que era devido por nossos pecados, satisfazendo própria, real e plenamente a justiça de Deus por nós. Por sua perfeita obediência, ele satisfez as justas exigências de Deus em nosso favor, uma vez que pela fé somente essa perfeita obediência é creditada a todos os que confiam somente em Cristo para sua aceitação diante de Deus. Como, livremente e não por alguma coisa que houvesse em nós, Cristo foi dado em nosso favor pelo Pai e sua obediência e castigo foram aceitos no lugar da nossa obediência e castigo, esta justificação é somente pela livre graça, a fim de que tanto a exata justiça quanto a rica graça de Deus sejam glorificadas na justificação dos pecadores. Cremos que um zelo por obediência pessoal e pública flui dessa livre justificação.

 

Como eu disse no início, esse texto tem o objetivo de encorajá-lo a buscar o Jesus verdadeiro, o Jesus Bíblico, por falar nisso, você lê a Bíblia*?

Eduardo Medeiros, não é pastor, não tem formação em teologia, apenas um pecador redimido...

______________________________________________________

A Bíblia Sagrada Revista e Atualizada.
Ferreira, Franklin e Myatt, Alan – Teologia Sistemática, Editora Vida Nova.
Hodge, Charles – Teologia Sistemática, Editora Hagnos.
Strong, Augustus Hopkins – Teologia Sistemática, Editora Hagnos.
Berkof, Louis – teologia Sistemática, Editora Cultura cristã.
House, W. Wayne – O Novo Testamento em Quadros, Editora Vida.
ministeriofiel.com.br/declaracao_fe/

Fotos da capa (parecem Jesus, mas não são):
David Gilmor, vocalista e guitarrista da banda Pink Floyd.
Chris Cornell, vocalista da banda Audioslave.
Chad Kroeger, vocalista e guitarrista da banda Nickelback.



Sobre o autor: Eduardo Medeiros

Sou apenas um músico, compositor, usando o youtube como uma pasta de arquivo para guardar algumas de minhas músicas. E como sou cristão e amo teologia, farei uso do canal para eventuais postagens bíblico-teológicas. SOLI DEO GLORIA!!

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Tag: Apologética

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Última atualização: 03/08/2020 10:01:00



Comentários


Cristiano Pereira · 04/01/2021 2:41:17

Realmente é lamentável ver que cada pessoa tem criado seu próprio "Jesus", cada um segundo sua opinião ou achismo, fugindo da Verdade Bíblica. Muito bom texto, nos leva a continuar a conhecer O Jesus Bíblico através das Escrituras!


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