O SÍNODO DE DORDT: MANTENDO O VENENO DOS LÁBIOS

Por: R. Scott Clark

Introdução

Poucos dos nossos documentos confessionais reformados são tão valiosos e, no entanto, tão negligenciados quanto os cânones de Dordt. Hoje a maioria dos que os conhecem pensam neles como os chamados “Cinco Pontos do Calvinismo” ou TULIP. De fato, é anacrônico e reducionista chamá-los de "Cinco Pontos do Calvinismo", porque Calvino estava morto há cinquenta e quatro anos quando o Sínodo de Dordt se reuniu na Holanda. É reducionista porque os Cânones nunca tiveram a intenção de ser uma declaração completa da fé reformada. Eles foram o produto da deliberação eclesiástica na tentativa de alguns membros da Igreja Reformada na Holanda fundamentalmente de revisar nossas doutrinas de Deus, homem, salvação, igreja e sacramentos. Além disso, o que as igrejas estavam defendendo era a Palavra de Deus como confessada pelas igrejas, não as formulações de um único pastor, por mais significativa e influente que fosse.

 

O contexto

Externamente havia pouca evidência do jovem Jacob Armínio (c.1560-1609) que sinalizava a sua insatisfação com a Reforma Protestante. Nascido em 1560, em Utrecht, ele cresceu na igreja reformada. A sua família foi martirizada pelos espanhóis quando Armínio estava na escola e foi apoiado financeiramente por membros da igreja reformada. Ele era um estudante na famosa Universidade de Leiden. De lá, ele foi estudar em Genebra sob Theodore de Beza (1519-1605).

                Ele aprendeu a sua teologia com teólogos firmemente reformados em Leiden e Genebra, não é fácil explicar o motivo que levou Armínio a se tornar, por assim dizer, um arminiano. Uma teoria é que ele reagiu à teologia de Beza, mas há pouca evidência disso. As disputas acadêmicas de Armínio não mostram evidências de nenhum movimento teológico neste sentido. Além disso, a teoria baseia-se numa insustentável caricatura da teologia de Beza. Se Armínio reagiu ao supralapsarianismo de Beza,[1] Beza não tinha consciência disso. Ele escreveu uma carta de recomendação para Armínio.[2] Outra teoria é que a mudança de Armínio pode ser atribuída à sua adoção da lógica e da pedagogia ramistas, mas essa teoria falha em explicar muitas exceções. Caspar Olevianus (1536-1587), um dos amigos e estudantes de Beza, e alguém que era um dos formadores da ortodoxia reformada pactual e editor do Catecismo de Heidelberg (1563) era um ramista, assim como William Perkins (1558–1602) e William Ames (1576–1633), cuja ortodoxia reformada também está fora de questão.

                Armínio, no entanto, teve Genebra como lar a partir da qual fez viagens de estudo para Basiléia, Zurique e Pádua para estudar com estudiosos de diversas vertentes. É possível que essas viagens combinadas com contatos dos seus contatos em Leiden, por exemplo, Caspar Koolhaas (1536-1615), tenham ajudado a facilitar seu desejo de revisar a teologia reformada. Este último era um ministro reformado em Leiden que mais tarde foi disciplinado pelas igrejas reformadas por se recusar a subscrever a Confissão Belga. É muito debatido se ele foi influenciado por teólogos romanistas durante a sua estadia na Itália e, de fato, há alguma evidência nos textos que ele usou quando começou a lecionar na faculdade de teologia de Leiden e em seus escritos. Uma explicação possível para a sua mudança teológica pode ser encontrada em seu desejo de explicar o problema do mal, que estava enraizado em sua tristeza pelo massacre de sua família e em sua consequente luta com o problema do mal e da soberania divina.[3] Nesse período, talvez durante sua visita a Pádua, ele entrou em contato com o trabalho de Luis de Molina (1535-1600). Como consequência, ele parece não apenas ter rejeitado o supralapsarianismo e o infralapsarianismo, mas também ter adotado a doutrina da ciência média (scientia media) como parte de sua teodicéia.[4]

                Como concluíram Gisbertus Voetius (1589-1576), ex-aluno de Armínio em Leiden, bem como Francis Turretini (1623-1687) e J.H. Heidegger (1633-1698), a doutrina da ciência média declara que Deus organiza soberanamente as circunstâncias, mas não decreta as escolhas contingentes das criaturas, mas torna Deus contingente aos seres humanos e é incompatível com a doutrina cristã de Deus.

                Após seus estudos, ele finalmente retornou a Amsterdã para ser examinado pela classe (presbitério) em 1587. Ele foi submetido a um exame e foi chamado para um pastorado ali e, em 1590, casou-se com uma jovem de uma influente família.[5] Uma razão para pensar que a teologia de Armínio mudou significativamente durante suas viagens de estudo a partir de Genebra é que quase imediatamente após assumir seus deveres pastorais em Amsterdã, ele se viu envolvido numa controvérsia sobre sua série de sermões na Epístola aos Romanos. No capítulo 7 de Romanos, ele concluiu que Paulo não poderia estar falando de si mesmo como cristão.[6] Ele argumentou que Paulo adotou a pessoa de um homem sob a lei.[7]

                Em sua análise de Romanos 9, ele se posicionou como defensor da justificação sola gratia, sola fide, mas estabeleceu um sistema no qual Deus elege com base numa fé prevista (fides praevisa).[8] Esses sermões provocaram uma forte reação na igreja liderada pelo pai das missões reformadas, Petrus Plancius (1522-1622), mas Armínio não foi disciplinado por seu consistório ou classe, provavelmente devido à proteção de partidários influentes.

                É menos conhecido o fato de que Armínio rejeitou a doutrina protestante da justificação como verdadeira, fazendo com que a fé fosse imputada, em vez da justiça a parte de Cristo.[9] Parte de seu motivo para essa revisão era sua preocupação de que a doutrina protestante da justificação tornasse os crentes descuidados com sua santificação.[10]

 

A crise

Apesar da controvérsia ligada aos ensinos de Armínio, em 1603 ele foi chamado do pastorado para uma posição de docente na faculdade de teologia da Universidade de Leiden. A sua nomeação foi controversa e os governadores da universidade comissionaram duas vezes a Franciscus Gomarus (1563-1641) para investigar as opiniões de Armínio. Ele suspeitava que Armínio era heterodoxo, mas nunca conseguiu provar isso a contento dos governadores ou das autoridades civis Erasmianas.

                Em sua carreira na Universidade de Leiden, Armínio agregou seguidores entre os estudantes, que se tornaram pastores e divulgaram seus ensinos na igreja holandesa. Ele morreu em 1609, e os seus apoiadores tentaram substituí-lo por um teólogo ainda mais controverso, Conrad Vorstius (1569-1622), que estudara em Heidelberg, Herborn e Genebra, entre outros lugares. Suspeitava-se, no entanto, que ele tinha simpatia pelo socinianismo. Gomarus ficou tão irritado com a nomeação que deixou a universidade. Em última análise, no entanto, Vorstius nunca assumiu sua posição de docente ali.[11]

                Em meio a esse caldeirão fervente de controvérsia, suspeitas mútuas e recriminações, vieram os cinco pontos dos remonstrantes, cristalizando os problemas.[12] Apesar das dúvidas em torno dos ensinos de Armínio, ficou claro o que os arminianos estavam ensinando. O primeiro artigo confessou que Deus elege com base na fé, obediência e perseverança previstas.[13] Eles revisaram a doutrina da expiação argumentando que Jesus não morreu como um substituto  em favor dos seus eleitos consumando a sua redenção. Pelo contrário, eles confessaram que Jesus morreu “por todos os homens e cada homem”, de modo a tornar possível a redenção para aqueles que atendem às condições. O terceiro e quarto ponto devem ser lidos juntos, pois o que os remonstrantes definiram com o terceiro levaram com o quarto ponto, no qual confessaram a resistibilidade da graça. O Sínodo de Dordt responderia a esses pontos combinando o terceiro e o quarto princípio da doutrina. O quinto ponto dos remonstrantes foi, para ser claro, falso. Depois de sugerir a possibilidade de cair do estado de graça, sugerido explicitamente sob o quinto ponto, eles alegam timidamente que ainda não haviam se decidido.[14] A rejeição da doutrina reformada da perseverança, de fato, destruiu a doutrina protestante de segurança e empurrou as igrejas reformadas de volta à teologia da aliança franciscana contra a qual Lutero se rebelou no início do século XVI: “Aqueles que praticam a falsidade dentro deles, Deus não nega a graça.”[15]

 

A intensificação da crise

                Como os seguidores de Armínio estiveram separados [sobretudo] eclesiásticos das igrejas reformadas por séculos, é fácil perder de vista o fato de que a crise arminiana ocorreu originalmente dentro das portas da Igreja Reformada. Apesar das graves reservas sobre a sua teologia e ensino expressas por Plancius e outros ministros de sua classe, e por seus colegas Gomarus e Lucas Trelcatius Jr. (1573–1607), Armínio permaneceu ministro em boa posição na Igreja Reformada dos Países Baixos. O fato dele ter conduzido seu ministério e ter morrido dentro da igreja intensificou o problema, porque, na ausência de qualquer pronunciamento eclesiástico inequívoco, esse fato tornou possível para seus apologistas dizer que "ele é um ministro em boa posição". Assim, os remonstrantes defenderam o seu direito de ensinar suas revisões da teologia reformada dentro dos limites da igreja. Eles também fizeram campanhas ativas, com a ajuda de magistrados civis simpáticos, para revisar a Confissão Belga (1561), a Ordem Eclesiástica e o relacionamento entre Igreja e Estado (em relação ao erastianismo), para que esses magistrados simpatizantes pudessem não apenas defendê-los, mas também promover seus interesses teológicos, piedade e prática dentro da igreja reformada. Lembre-se, também, de que, enquanto esse conflito teológico-político estava ocorrendo, a Holanda estava em guerra com a Espanha e a destrutiva guerra dos Trinta Anos (1618-1648) se aproximava. As tensões inerentes à Paz de Augsburgo (1555) estavam prestes a ser resolvidas de uma maneira ou de outra.

Os ortodoxos responderam aos Artigos da Remonstrância numa conferência de dez dias em Haia, de 10 a 20 de Março de 1611. Seis representantes de cada lado, tanto remonstrantes como reformados, apresentaram a sua posição. O objetivo formal era ver se havia uma maneira de reconciliar os dois lados. Ficou claro através do Collatio[16] (em latim significa comparação) que as diferenças eram fundamentais e inconciliáveis. Isso ficou claro no texto da Contra-Remonstrância, grande parte da qual mais tarde foi incorporada nos cânones adotados pelo Sínodo de Dordt.[17]

                Um dos pontos mais intrigantes e talvez surpreendentes da Contra-Remonstrância é a confissão de que “filhos da aliança” devem ser considerados como “filhos eleitos de Deus” e “filhos da aliança, desde que não manifestem o contrário” e, assim, “os pais que creem, quando seus filhos morrem na infância, não têm motivos para duvidar da salvação deles.”[18] Conhecemos essa doutrina nos Cânones 1.17. Ao contrário da caricatura dos remonstrantes,[19] a maioria dos reformados não era e nunca foi supralapsariana.[20] Os pais crentes devem descansar nas promessas de Deus, em Cristo, feitas a eles no pacto da graça e representadas e seladas no batismo.       

 

A abordagem do Sínodo

                Os remonstrantes se vitimizaram. Em sua narrativa, Armínio era apenas um pastor reformado que foi injustamente denunciado por sua pregação e ensino e eles foram injustamente perseguidos junto com ele. De fato, a preocupação com o ensino de Armínio surgiu quase que imediatamente, mas a resolução final levou quase trinta anos.

                Além disso, a preocupação de que Armínio e seus seguidores estavam ensinando era generalizada em toda a Europa e nas Ilhas Britânicas. Foi percebido imediatamente como um ataque fundamental à teologia agostiniana básica e às doutrinas materiais da Reforma Protestante (da concepção da salvação sola gratia e sola fide). Em Herborn, Johannes Piscator (1546-1625) escreveu contra os arminianos. Pierre DuMoulin (1568-1658) escreveu The Anatomy of Arminianism (1618), talvez, ainda a maior crítica do arminianismo. Alguns anos antes de Armínio, Peter Baro (1534-1599) ensinava algo como o que Armínio ensinaria em Amsterdã e Leiden. O arcebispo Whitgift (c. 1530–1604) respondeu em 1595 com os Artigos de Lambeth, reafirmando a visão agostiniana do pecado, graça e eleição. Após o Sínodo, William Ames (1576-1533) publicaria as suas Animadverions contra os remonstrantes em 1629.

                À medida que a controvérsia teológica intensificava na Holanda, na Europa e nas Ilhas Britânicas, a polarização entre os arminianos e os calvinistas ameaçava irromper em guerra aberta. O príncipe Maurits (Maurício de Orange, 1567–1625) e Jan van Oldenbarnevelt (1547–1619), o primeiro ministro de facto das Províncias Unidas, se afastavam. Este último apoiou os arminianos, e Maurits ficou do lado dos ortodoxos. A Inglaterra que estava comprometida com a Holanda, ficou do lado de Maurits contra a Espanha. Depois que as linhas de discordância se tornaram claras, à luz da conferência em Haia (1611), aumentou a pressão sobre Maurits para apoiar os ortodoxos contra os remonstrantes, para que conduzisse a questão a uma resolução, apesar de suas dúvidas sobre o que isso significaria para a unidade do país (tal como ela se encontrava) contra os espanhóis. Os remonstrantes queriam a realização de um sínodo, mas apenas para revisar a Ordem da Igreja, a fim de dar aos magistrados (tipicamente latitudinários) mais controle sobre a igreja e revisar a Confissão Belga de modo que permitisse uma concepção remonstrante da eleição condicional.

                Houve algum apoio popular aos ortodoxos na Holanda. Quando os remonstrantes ganharam o controle das igrejas, proibiram os reformados de liderarem a organização de novas congregações confessionais. Essa abordagem intolerante saiu pela culatra. Havia apoio popular nas igrejas para a doutrina confessional da salvação, para a posição contra-remonstrante, conforme articulada em Haia em 1611. Em 1617, eclodiram distúrbios pelos contra-remonstrantes. Quatro províncias instaram os Estados Gerais a convocar um sínodo nacional para resolver a crise.

                A Província da Holanda, dominada politicamente por Oldenbarnevelt e apoiadores dos remonstrantes, resistiu ao apelo por um sínodo. Eles sentiram que as coisas poderiam ir contra eles. Então, a sobrevivência das Províncias Unidas estava em jogo. Oldenbarnevelt até tentou persuadir membros do exército a prestar juramento de fidelidade à Holanda contra as Províncias Unidas. As suas tropas cederam, no entanto, e em Agosto ele, Hugo Grotius (1583-1645) e outros foram presos. O líder remonstrante Johannes Uytenbogaert (1557-1644) fugiu do país. Oldenbarnevelt foi condenado por alta traição e decapitado em Haia em 14 de maio de 1619, após o sínodo. O seu filho revidou ao tentar assassinar o príncipe Maurits, cujo pai havia sido assassinado em 1584. Um sínodo foi convocado para 13 de novembro de 1618.

                Os reformados sabiam que a controvérsia com os remonstrantes representava mais do que uma disputa teológica paroquial. Eles acreditavam que os remonstrantes estavam levando a nação para trás, em direção à heresia do pelagianismo e daí ao socinianismo. Não apenas eles apoiaram a nomeação de Vortsius para a Universidade de Leiden, mas também o líder dos remonstrantes, Simon Episcopius (1583-1644), também era suspeito de simpatizar com o socinianismo. Nas últimas décadas, John Platt e Sarah Mortimer viram conexões entre Episcopius e socinianismo.[21]

 

A resolução

                O Sínodo de Dordt finalmente se reuniu na sala de armas de Dordrecht, em 13 de Novembro de 1618, e concluiu seu trabalho em 29 de Maio de 1619. Embora os remonstrantes foram derrotados no Sínodo, eles não desapareceram. Uytenbogaert, Episcopius e outros convocaram um sínodo remonstrante em Antuérpia, em Outubro de 1619, com a participação de quarenta ministros arminianos. Eles foram protegidos pelo arquiduque Albert, que se beneficiou da controvérsia em andamento. Episcopius e Grotius se mudaram para a França, outros para a Dinamarca. Outros remonstrantes realizaram reuniões clandestinas em toda a Holanda.[22] O historiador da Igreja do Seminário de Princeton, Samuel Miller (1769-1850), observou em 1841 que os remonstrantes foram readmitidos nos púlpitos após a morte de Maurits em 1625. Não demorou muito para que o racionalismo se espalhasse pela Igreja Reformada na Holanda.[23]

                Finalmente, um aspecto dos Cânones que não recebeu muita atenção é seu julgamento formal contra os remonstrantes e sua teologia. O Sínodo usou as declarações heréticas dos remonstrantes, começando no prefácio, onde o Sínodo reclamou da "violência ímpia dos hereges".[24] O Sínodo equiparou os remonstrantes às "orgulhosas heresias de Pelágio" (Cânones de Dordt 3/4.10; e seguintes, CD),[25] e instou as autoridades a "verificar todas as heresias e erros, espíritos inquietos e turbulentos".[26]

                A partir da declaração do Sínodo do julgamento do Concílio Ecumênico de Éfeso (431) contra o Pelagianismo (CD 3/4.10), devemos ver a condenação implícita do erro de remonstrante como heresia quando o Sínodo diz que a sua doutrina da eleição condicional “favorece o ensino de Pelágio ”(Rejeição de Erros, 1.4; a seguir, RE).[27] Na RE 2.3, o Sínodo denunciou os remonstrantes por “recordar do inferno os erros de Pelágio” por sua doutrina de que Cristo tornou possível a salvação para aqueles que fazem sua parte.[28] Na RE 2.6, o Sínodo reclamou amargamente que os remonstrantes, usando a distinção entre "merecer" e "se apropriar", tentavam “dar ao povo beber do veneno do Pelagianismo”,[29] RE 7, 9 e na RE 4.9 e na RE 5.2 “Pelagianismo manifesto” (RE 5.2).[30]

Observações

                Quatro séculos após o Sínodo, na América do Norte, Dordt pode parecer remoto, mas não deveria. As igrejas reformadas confessionais podem não estar enfrentando perseguição espanhola, mas somos uma minoria distinta numa cultura evangélica predominantemente arminiana. As premissas que alimentaram o movimento remonstrante continuam vivas. Atualmente podemos não ter remonstrantes nas igrejas reformadas, mas temos visionistas federais, que afirmam abertamente a negação da perseverança dos santos como os remonstrantes. Há aqueles em nosso meio que converteriam o pacto da graça num pacto de obras e procuram revisar a doutrina da expiação. A configuração muda, mas os problemas permanecem. Assim, o Prefácio, os Cânones, as Rejeições de Erros, a Conclusão e a Sentença do Sínodo de Dordt continuam a nos instruir, enquanto procuramos alimentar nossos rebanhos e manter em seus lábios o veneno da teologia e espiritualidade dos remonstrantes.

R. Scott Clark é um ministro da United Reformed Churches in North America e serve como professor de História da Igreja e Teologia Histórica orical no Westminster Seminary California em Escondido, na Califórnia. Artigo foi publicado em Ordained Servant Online, October 2019.

Extraído de https://opc.org/os.html?article_id=772#_ftn8 acessado em 3 de Outubro de 2019.

Traduzido por Rev. Ewerton B. Tokashiki.

 


[1] “Supralapsarianismo (também chamado antelapsarianismo, prelapsarianismo ou prelapsarianismo) é a concepção de que os decretos da eleição e reprovação de Deus precederam, logicamente, o decreto da queda, enquanto o infralapsarianismo (também chamado de pós-capsarianismo e sublapsarianismo) afirma que os decretos da eleição e reprovação de Deus, logicamente, sucederam o decreto da queda.” Herman Bavinck.

[2] O corpo docente da Universidade de Basiléia ficou bastante impressionado com ele e queria conceder-lhe um doutorado. Johannes Jacobus Grynaeus escreveu uma enfática carta de recomendação. Veja W. Robert Godfrey, Saving the Reformation: The Pastoral Theology of the Canons of Dort (Orlando: Reformation Trust, 2019), pp. 196–97.

[3] Herman Selderhuis observou esta relação numa entrevista broadcast em 9 de Maio de 2019. https://wscal.edu/resource-center/the-canons-of-dort (acessado em 6 de Julho de 2019).

[4] Richard A. Muller, God, Creation, and Providence in the Thought of Jacob Arminius (Grand Rapids: Baker, 1991), pp. 19–21; Godfrey, Saving the Reformation, pp. 191–95; Keith D. Stanglin and Thomas H. McCall, Jacob Arminius: Theologian of Grace (Oxford: Oxford University Press, 2012), pp. 45, 66–69.

[5] Contra Mark Driscoll e Gerry Breshears, Death by Love (Wheaton: Crossway, 2008), p. 170, que fizeram a bizarra afirmação de que Armínio havia se casado com uma filha de Calvino. Acerca do casamento de Armínio veja Godfrey, Saving the Reformation, pp. 201–2.

[6] Philip Schaff, The Creeds of Christendom (New York: Harper & Brothers, 1882), vol. 1, pp. 510–511.

[7] James Arminius, The Works of James Arminius (Grand Rapids: Baker, 1996), vol. 2, p. 491.

[8] Arminius, Works, vol. 3, pp. 485–88.

[9] Stanglin and McCall, Jacob Arminius, p. 168.

[10] Stanglin and McCall, Jacob Arminius, p. 182–83.

[11] Em Maio de 1619 o Sínodo publicou uma sentença contra Vorstius declarando-o ser um sociniano.

[12] Veja Schaff, Creeds, vol. 3, pp. 545–549.

[13] Godfrey, Saving the Reformation, p. 101. Ele comenta que na teologia remonstrante Deus não escolheu sob tais condições. “Saving the Reformation,” Office Hours podcast, Westminster Seminary California (website), 4 de Março de 2019 in https://wscal.edu/resource-center/saving-the-reformation.

[14] Compare o quinto ponto dos remonstrantes com a doutrina da apostasia confessada em “A Joint Federal Vision Profession (2007),” na qual os autores usam o mesmo tipo de linguagem para o mesmo problema. Este documento foi excluído recentemente de seu site original. Veja “A Joint Federal Vision Profession (2007),” R. Scott Clark (blog), acessado em 6 de Julho de 2019 de https://rscottclark.org/a-joint-federal-vision-profession-2007/.

[15] Veja Heiko Oberman, “Facientibus Quod in Se Est Deus Non Denegat Gratiam: Robert Holcot O.P. And the Beginnings of Luther’s Theology” in: The Reformation in Medieval Perspective, ed. Stephen Ozment (Chicago: Quadrangle Books, 1971), pp. 119–41; Heiko A. Oberman, The Harvest of Medieval Theology: Gabriel Biel and Late Medieval Nominalism (Cambridge, MA: Harvard University Press, 1983),pp. 135–39; e, Heiko A. Oberman, The Reformation: Roots and Ramifications (London; New York: T&T Clark, 2004), pp. 103–04.

[16] [16] A Collatio Hagiensis (1611) foi a conferência realizada em Haia entre os remonstrantes e os contra-remonstrantes.

[17] Veja P.Y. DeJong, ed., Crisis in the Reformed Churches (Grand Rapids: Reformed Fellowship, 1968), pp. 209–213.

[18] De Jong, Crisis, p. 211. Também veja R. Scott Clark, “Baptism and the Benefits of Christ: The Double Mode of Communion in the Covenant of Grace,” The Confessional Presbyterian Journal 2 (2006), pp. 3–19.

[19] Veja a “Conclusão” (em latim, Conclusio) do Sínodo que declara a posição ortodoxa contra os remonstrantes (Schaff, Creeds, vol. 3, pp. 576 e 596).

[20] Godfrey, Saving the Reformation, pp. 190–191.

[21] John Platt, Reformed Thought and Scholasticism: The Arguments for the Existence of God in Dutch Theology, 1575–1650 (Leiden: Brill, 1982), pp. 218 e 231; Sarah Mortimer segue Platt em Reason and the English Revolution: The Challenge of Socinianism (Cambridge: Cambridge University Press, 2010), p. 26.

[22] Jonathan Israel, The Dutch Republic: Its Rise, Greatness and Fall, 1477–1806, Oxford history of early modern Europe (Oxford: Oxford University Press, 1998), p. 464.

[23] Samuel Miller, “Introductory Essay,” in The Articles of the Synod of Dort (Harrisonburg, VA: Sprinkle, 1993), pp. 46–47.

[24]et hæreticorum impietate” (Schaff, Creeds, vol. 3, p. 550).

[25] Schaff, Creeds, vol. 3, p. 566.

[26]omnes hæreses et errores, spiritus inquietos et turbulentos compescant” (Schaff, Creeds, vol. 5, p. 579).

[27]Pelagium enim sapiunt” (Schaff, Creeds, vol. 3, p. 557).

[28]Pelagianum errorem ab inferis revocant” (Schaff, Creeds, vol 3, p. 563).

[29]populo perniciosum Pelagianismi venenum conantur propinare” (Schaff, Creeds, vol. 3, p. 564).

[30]manifestum Pelagianismum” (Schaff, Creeds, vol. 3, p. 574).



Sobre o autor: R. Scott Clark

Robert Scott Clark é um pastor reformado americano e professor de seminário. Ele é autor de vários livros, incluindo seu trabalho mais recente, Recuperando a Confissão Reformada.

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Última atualização: 07/12/2021 6:23:00



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