TERRA SANTA? POR QUE?

Por: Daniel L. Petersen

Flp 3:3  Porque nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos a Deus no Espírito, e nos gloriamos em Cristo Jesus, e não confiamos na carne.

A terra conhecida como "Santa", é o palco da maravilhosa história e acontecimentos registrados por Deus na Bíblia por meio dos escritores do Antigo e Novo Testamento. Como “Terra Santa” digo, o território geográfico na qual está situada e conhecemos como a Palestina e seus arredores. Foi este um dos locais onde Deus revelou-se por meio de seu povo a todas as nações conforme podemos observar nas Escrituras.

É sem dúvida um dos locais mais visitados no mundo no passado e nos dias de hoje, principalmente por Cristãos e Judeus. Certamente o comércio que envolve o turismo na região é fomentado principalmente por ser o local onde Deus primeiramente revelou-se. Subsequentemente, foi onde Cristo Jesus realizou seu ministério, onde chamou os doze homens que seriam seus discípulos, e foi o palco central de todos os principais acontecimentos registrados na Escritura (mas não o único local). São diversos os tipos de motivações entre os Cristãos que para lá viajam, alguns vão ao Rio Jordão para se batizarem, outros apenas peregrinam com o intuito de algum tipo de purificação, etc.

Problemáticas

No século VII por exemplo, os Cristãos que participaram das Cruzadas, tinham como principal ponto de vista e influência, o atribuir a Palestina a nomenclatura de “Terra Santa”. Na visão de quem participou das Cruzadas, a terra que seria livre era uma terra Santa e que inclusive essa missão se cumprida (libertar a Palestina das mãos dos infiéis muçulmanos), seus pecados poderiam ser perdoados. Havia também, motivações políticas e o ponto alto, era o misticismo que pairava sobre a Igreja de Roma, e o grande mal, foi atribuir santidade a uma terra, sobre uma perspectiva equivocada e desmembrada das Escrituras.

Temos ainda os Judeus que atribuem-se herdeiros da terra por entenderem ser essa a promessa feita por Deus a Abraão e seus descendentes. Fica, principalmente, a dificuldade em identificar os “judeus” descendentes, pois, qualquer gentio poderia se tornar judeu professando sua fé em Deus e sendo circuncidado não necessitando ser diretamente filho de mãe judia e ou, como Cristão, seria co-herdeiro em Cristo.

Observe o que o apóstolo Paulo afirma: (Rom 2:29)  Porém judeu é aquele que o é interiormente, e circuncisão, a que é do coração, no espírito, não segundo a letra, e cujo louvor não procede dos homens, mas de Deus.

Desta forma, os gentios cristãos também se fazem herdeiros da terra uma vez que o coração do cristão é verdadeiramente renovado em Cristo.

Outra problemática quanto aos judeus que reivindicam sua parte na Palestina, está no fato de muitos serem ateus, o que descartaria a sua herança partindo do princípio religioso de herança.

Há ainda, os milenaristas mas, como sou Amilenista, deixo os links a seguir explicando o que significa e desta forma, acredito já refutar este ponto: Argumentos a favor do Amilenismo e Amilenismo.

Considerações

Quanto as problemáticas acima citadas, temos dois pontos distintos a tratar, primeiro que não há local geograficamente santo, fora aquele no qual Deus se faz por alguma particularidade presente, como por exemplo Êxodo 3:1-5 onde Deus, se fez presente na sarça ardente que não se consome:

Apascentava Moisés o rebanho de Jetro, seu sogro, sacerdote de Midiã; e, levando o rebanho para o lado ocidental do deserto, chegou ao monte de Deus, a Horebe. Apareceu-lhe o Anjo do SENHOR numa chama de fogo, no meio de uma sarça; Moisés olhou, e eis que a sarça ardia no fogo e a sarça não se consumia. Então, disse consigo mesmo: Irei para lá e verei essa grande maravilha; por que a sarça não se queima? Vendo o SENHOR que ele se voltava para ver, Deus, do meio da sarça, o chamou e disse: Moisés! Moisés! Ele respondeu: Eis-me aqui! Deus continuou: Não te chegues para cá; tira as sandálias dos pés, porque o lugar em que estás é terra santa.

Podemos observar então que uma porção de terra, somente pode momentaneamente adotar a nomenclatura de Terra Santa, quando o próprio Deus assim a declara,  observe o seguinte texto de Zacarias 2:10-12:

Canta e exulta, ó filha de Sião, porque eis que venho e habitarei no meio de ti, diz o SENHOR. Naquele dia, muitas nações se ajuntarão ao SENHOR e serão o meu povo; habitarei no meio de ti, e saberás que o SENHOR dos Exércitos é quem me enviou a ti. Então, o SENHOR herdará a Judá como sua porção na terra santa e, de novo, escolherá a Jerusalém.

Neste contexto, lembremos que por vezes Deus permitiu que outros povos expulsassem os judeus da terra, deixando Deus de alguma forma, se fazer presente na Palestina.

Em segundo ponto, somos salvos em Cristo e co-herdeiros da nova aliança por meio dEle, por isso chamados de filhos, observe o texto de Romanos 8:16-17:

O próprio Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados.

Conclusão

Podemos observar que a terra somente é descrita como Santa, quando nela Deus se faz presente e mesmo assim, normalmente por um aspecto definido por Ele. Desta forma, podemos observar que a glória está na Santa presença do criador da terra e não na porção geográfica em si.

De outra forma, não temos como definir um local específico que possamos chama-la de Santa pois antes, é importante lembrar-nos que: “Ao Senhor, ao seu Deus, pertencem os céus e até os mais altos céus, a terra e tudo o que nela existe.” Dt 10:14.

A Palestina certamente cumpriu seu propósito ao servir de palco para que nela, Deus, conforme sua vontade, se auto revelasse segundo seu propósito. Mais importante do que herdar a Palestina é compreender que somos peregrinos nesta terra, sendo nós filhos do Deus vivo por meio de Cristo, há uma terra preparada para vivermos e essa sim, podemos chamá-la de Santa, a Nova Jerusalém porque:

Deus estará presente, habitando no meio do Seu povo” (Apocalipse 21:3).



Sobre o autor: Daniel L. Petersen

Gaúcho de São Leopoldo, casado com Liviane Garcia a mais de 12 anos. Pai das gêmeas Júlia e Rebeca, Cristão Reformado, membro da Congregação Presbiteriana Aliança Reformada. Apaixonado por aprender e ensinar. Graduado em Gestão de Tecnologia da Informação pela Faculdade UNIP Porto Velho e Licenciatura em Geografia pelo UniBF. Na áre de Tecnologia: Pós Graduado em Redes e Segurança da Informação pela Faculdade Porto Velho e Eng. de Software pela IPB (Instituto Pedagógico Brasileiro). Na área da Educação: Pós Graduado pelo Instituto Pedagógico Brasileiro nos cursos de Metodologia do Ensino da História e da Geografia, História do Brasil, Tutoria em Educação a Distância e Ensino Religioso. Na área Teológica: Pós Graduado no Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper em Estudos Teológicos. Participou como professor nas classes de Catecúmenos, Panorama do Novo Testamento e Cosmovisão Cristã na EBDF na 1ª IPB Porto Velho.

Print Friendly and PDF

Tag: Teologia Pastoral

Vizualizações: 566

Última atualização: 13/12/2017 0:04:12



Comentários


Envie seu comentário!





Leia Também...


02/06/2021 6:37:00

Amiraldianismo

Este vocábulo procede do nome do teólogo francês Moisés Amyraut. O sistema que é conhecido este nome foi proposto e defendido por Amyraut e seus colegas da Academia de Saumur no século XVII. Distingue-se, tanto do Calvinismo trad...

13/11/2021 11:21:00

Prefácio ao livro de salmos da baí­a de 1640 (Bay Psalm Book)

O canto dos Salmos, composto de santa harmonia e melodia: contudo, tal é a sutileza do inimigo e inimizade de nossa natureza contra o Senhor e seus caminhos, que nossos corações podem encontrar motivo de discórdia nesta harmonia, e crotc...

24/01/2024 9:02:00

A teologia de João Calvino

As concepções teológicas do reformador João Calvino (1509-1564) estão contidas na sua vasta obra, especialmente em seu opus magnum, a Instituição da Religião Cristã ou Institutas. 1. AS INSTITUTAS

Pensamento Reformado:

“Feliz é quem entende que embora o evangelho traga uma coroa no fim da carreira, ele também trás uma cruz para o caminho.”