5 Razões para obedecer aos Dez Mandamentos
Por: Kevin DeYoung
Os dez mandamentos não devem ser ignorados. É importante que os estudemos e compreendamos. Mas, é claro, é mais importante que nós os obedeçamos. Deus não fica impressionado com uma análise intelectualmente cuidadosa que coloca o Decálogo no centro do discipulado cristão. Ele requer que os discípulos realmente sigam esses mandamentos.
Mas que seja pelas razões corretas. É necessário muito esforço para obedecer aos Dez Mandamentos da motivação errada e para o fim errado é uma maneira infalível de viver nosso relacionamento com Deus de maneira errada. Deus deu os mandamentos para que eles fossem obedecidos – não para se obter a salvação, mas por causa de quem somos, quem é Deus em si mesmo, quem ele é para nós, onde estamos e o que ele fez.
Razão 1: Quem somos
Não perca o óbvio: Êxodo 19 vem antes de Êxodo 20. Deus já identificou os israelitas como “um reino de sacerdotes e uma nação santa” (Êx 19.6). Eles são um povo separado. O mesmo é verdade a nosso respeito. Como cristãos, nós também somos um reino de sacerdotes e uma nação santa (1 Pe 2.9). Precisamos estar preparados para ficarmos sozinhos, para parecermos diferente e termos regras que o mundo não entende. Claro, nem sempre somos as pessoas santas que deveríamos ser, mas é o que ele nos chamou para que sejamos. É quem somos. Somos o povo de Deus, separados para viver de acordo com os caminhos de Deus.
Razão 2: Quem é Deus em si mesmo
Os versículos de abertura em Êxodo 20 não são apenas um preenchimento antes que os mandamentos comecem serem declarados. Eles estabelecem quem é Deus e por que devemos obedecê-lo. No verso 2, Deus se revela novamente como “o SENHOR”, isto é, como o SENHOR, seu Deus que guarda a aliança. Este é o Deus que falou com Moisés na sarça ardente. Este é o Deus que disse: “Eu sou quem Eu sou” (Êxodo 3:14). Este é o Deus criador soberano, auto-existente, autossuficiente e todo-poderoso. Este é o Deus das pragas e do Mar Vermelho e do maná no deserto. Este não é um Deus com quem se pode brincar. Se existe um Deus, e se ele é algo como o Deus revelado a nós nas Escrituras, então seria extremamente presunçoso, tolo e (por todas as razões) perigoso para nós sintetizar o nosso próprio código ético.
A lei é uma expressão do coração e do caráter do Legislador. Devemos pensar sobre isso antes de dizermos: “Não me importo com as leis” ou antes de sermos ríspidos com a ideia de “cumpri-las” ou “não”. Os mandamentos não apenas nos mostram o que Deus quer; eles nos mostram como Deus é. Eles dizem algo sobre a sua honra, o seu valor e a sua majestade. Eles nos dizem o que importa para Deus. Não podemos desdenhar a lei sem desrespeitar o Legislador.
Razão 3: Quem é Deus para nós
O Deus dos Dez Mandamentos é revelado não apenas como o Senhor, mas como o “Senhor seu Deus” (Êx 20.2). Somos sua possessão preciosa (Êx 19.5; 1Pe 2.9). Este Deus de poder absoluto não é um tirano caprichoso, nem uma deidade excêntrica que exerce autoridade crua e desenfreada sem qualquer consideração por suas criaturas. Ele é um Deus pessoal e, em Cristo, ele sempre é a nosso favor (Rm 8.31). Seria assustador até o ponto da morte, se Deus trovejasse dos céus: “Eu sou o Senhor!” Mas a auto-revelação divina não para por aí. Ele continua acrescentando: “… seu Deus.” Ele está do nosso lado. Ele é o nosso Pai. Ele nos dá ordens para o nosso bem.
Razão 4: Onde estamos
A definição bíblica de liberdade não é “fazer o que você quiser”. A liberdade está em aproveitar os benefícios de fazermos o que devemos. Muitas vezes pensamos que os Dez Mandamentos nos restringem – como se os caminhos de Deus nos mantivessem em servidão de realizarmos os nossos sonhos e alcançarmos o nosso potencial. Esquecemos que Deus significa nos dar vida abundante (Jo 10.10) e verdadeira liberdade (Jo 8.32). As suas leis, 1Jo 5.3 nos diz que, não são pesadas.
Você acha que é pesaroso ter Dez Mandamentos? Você sabe quantas leis existem nos Estados Unidos? É uma pergunta complicada, porque ninguém sabe! Existem 20.000 leis nos livros que regulam apenas a posse de armas. Em 2010, cerca de 40.000 novas leis foram adicionadas em vários níveis em todo o país. O Código dos Estados Unidos, que contém apenas os princípios teóricos de leis federais e não inclui estatutos reguladores, tem mais de 50 volumes. Em 2008, um comitê da Câmara pediu ao Serviço de Pesquisa do Congresso para calcular o número de infrações penais na lei federal. Eles responderam, cinco anos depois, que lhes faltavam recursos humanos e recursos para responder a essa pergunta.
Deus não está tentando nos esmagar com burocracia e regulamentos. Os Dez Mandamentos não são barras de prisão, mas leis de trânsito. Talvez existam alguns anarquistas que pensam: o mundo seria um lugar melhor sem nenhuma lei de trânsito. Mesmo que você fique impaciente no sinal vermelho, acelere no amarelo e vire numa curva proibida- no fim das contas, você não se alegra de haver alguma aparência de lei e ordem? As pessoas param e vão. As pessoas diminuem a velocidade ao dirigir próximo das escolas. Eles param para os ônibus escolares. Você não seria capaz de dirigir seu carro até o supermercado sem leis. Quando você dirige em uma curva ao passar por uma montanha, você amaldiçoa os trilhos de guarda que o impedem de mergulhar para uma morte prematura? Não, alguém os coloca lá com grande despesa, e para nosso bem, para que possamos viajar livremente e com segurança.
Os Dez Mandamentos não são instruções sobre como sair do Egito. Eles são regras para um povo livre permanecer livre.
Razão 5: O que ele fez
Note mais uma vez que a lei vem depois do evangelho – depois das boas novas de libertação. Deus não veio ao povo, como escravos, e disse: “Eu tenho Dez Mandamentos. Eu quero que vocês façam tudo certo. Eu voltarei em cinco anos, e se vocês purificaram a sua vida, eu os libertarei do Egito.” É assim que algumas pessoas veem o Cristianismo: Deus tem regras, e se eu seguir as regras, Deus vai me amar e salvar. Não foi o que aconteceu na história do êxodo. Os israelitas eram um povo oprimido e Deus disse: “Eu ouço o seu clamor. Vou salvá-los porque eu os amo. E quando forem salvos, livres e perdoados, lhes darei uma nova maneira de viver.
Precisamos ouvir isso novamente: a salvação não é a recompensa pela obediência; a salvação é a razão da obediência. Jesus não diz: “Se obedecerem aos meus mandamentos, eu os amarei”. Primeiro, ele lava os pés dos discípulos e diz: “Se vocês me amam, guardarão os meus mandamentos” (Jo 14.15). Todo o nosso cumprir é apenas por causa do que ele primeiro fez por nós.
The Gospel Coalition
Traduzido por Ewerton B. Tokashiki
Extraído do site do Seminário JMC
Imagem extraída do site O Estandarte de Cristo
Sobre o autor: Kevin DeYoung
kevin DeYoung é o pastor principal da University Reformed Church, em East Lansing (Michigan). Obteve sua graduação pelo Hope College e seu mestrado em teologia pelo Gordon-Conwell Teological Seminary. É preletor em conferências teológicas e mantém um blog na página do ministério The Gospel Coalition.