Sobre Paulo fazer o uso de fontes pagãs
Por: Ageu Cirilo de Magalhães Jr.
Certos dos seus poetas. Ele cita meio verso de Arato, não tanto por causa da autoridade, quanto por fazer com que os homens de Atenas se envergonhem; pois tais ditos dos poetas não vinham de outra fonte, exceto da natureza e da razão comum. Tampouco é de admirar que Paulo, que falava a homens que eram infiéis e ignorantes da verdadeira piedade, usasse o testemunho de um poeta, no qual existia uma confissão daquele conhecimento que está naturalmente gravado na mente dos homens.
Os papistas seguem outro caminho. Porque eles se inclinam ao testemunho dos homens, que eles os colocam contra os oráculos de Deus; e eles não fazem apenas Jerônimo, ou Ambrósio e o resíduo dos santos pais, mestres da fé, mas eles não nos ligarão menos às respostas fedorentas [vil] de seus Papas do que se o próprio Deus falasse. Sim, aquilo que mais, eles não tiveram medo de dar tão grande autoridade a Aristóteles que os apóstolos e profetas ficaram em silêncio em suas escolas, em vez de ele.
Agora, para que eu possa retornar a esta sentença que tenho em mãos, não se deve duvidar, mas que Arato falou de Júpiter; nem Paulo, ao aplicar isso ao verdadeiro Deus, o qual ele falou inábeis de seu Júpiter, torce-o para um sentido contrário. Pois porque os homens têm naturalmente alguma perseverança de Deus, - (300) eles extraem princípios verdadeiros daquela fonte. E embora tão logo começam a pensar em Deus, eles desaparecem em invenções malignas, e a semente tão pura degenera em corrupções; todavia, o primeiro conhecimento geral de Deus ainda permanece neles. Depois deste tipo, nenhum homem de mente sã pode duvidar de aplicar isso ao verdadeiro Deus que lemos em Virgílio tocando a alegria reinventada e falsa, que Todas as coisas estão cheias de alegria. Sim, quando Virgílio pretendia expressar o poder de Deus, através do erro, ele colocou um nome errado.
Ao tocar no significado das palavras, pode ser que Arato tenha imaginado que havia alguma parcela da divindade nas mentes dos homens, como disseram os maniqueus, que as almas dos homens são da natureza de Deus. - (301) Assim, quando Virgil diz respeito ao mundo, - O Espírito nutre-se por dentro e a mente dispersa por todas as juntas move todo seu enorme peso, ele prefere interpretar o filósofo, e subtilmente disputa depois da maneira de Platão, do que simplesmente dizer que o mundo é apoiado pela inspiração secreta de Deus. Mas esta invenção não deveria ter impedido Paulo de manter uma máxima verdadeira, embora fosse corrupta com as fábulas dos homens, que os homens são a geração de Deus, porque pela excelência da natureza eles se assemelham a alguma coisa divina.
Isso é o que a Escritura ensina, que somos criados segundo a imagem e semelhança de Deus, (Gênesis 1:27). A mesma Escritura também ensina, em muitos lugares, que somos feitos filhos de Deus pela fé e adoção livre quando estamos enxertados no corpo de Cristo, e sendo regenerados pelo Espírito, nós começamos a ser novas criaturas, (Gálatas 3:26.) Mas, como ele dá ao mesmo Espírito nomes diferentes por causa de suas múltiplas graças, também não é de admirar que a palavra filhos seja diversamente tomada.. Todos os homens mortais são chamados filhos em geral, porque se aproximam de Deus em mente e compreensão; mas porque a imagem de Deus está quase apagada neles, de modo que não aparecem linhas finas, [lineamentos], este nome é de bom direito retido para os fiéis, que tendo o Espírito de adoção dado a eles, se assemelham ao seu Pai celestial à luz da razão, em justiça e santidade.[1]
"Aliquo Dei sensu imbuti sunt ", estão imbuídos de algum conhecimento de Deus
"Ex traduza Dei " são transferidos de Deus.
REFERÊNCIA:
[1] John Calvin, Commentary on the Acts of the Apostles, ed. Henry Beveridge, trans. Christopher Fetherstone (1560; London, 1585) in Calvin’s Commentaries (22 vols, Grand Rapids: Baker, 1993), 19a: 169-70.
Traduzido por: Frankle Brunno
Fonte: Site joão Calvino Brasil
Sobre o autor: Ageu Cirilo de Magalhães Jr.
Bacharel em Teologia pelo Seminário Teológico Presbiteriano Rev. José Manoel da Conceição;
Bacharel em Teologia pela Escola Superior de Teologia da Universidade Presbiteriana Mackenzie;
Mestre em Teologia Sistemática (M.Div.) pelo Centro Presbiteriano de Pós-Graduação Andrew Jumper;
Mestrando em Liderança Cristã (M.A.) pelo CPAJ/Gordon College.
Blog: http://www.resistenciaprotestante.com.br/