Sobre o governo feminino

Por: João Calvino

“Se porventura alguém desafiar esta disposição, citando o caso de Débora e de outras mulheres sobre quem lemos que Deus, em determinado tempo, as designou para governar o povo, a resposta óbvia é que os atos extraordinários de Deus não anulam as regras ordinárias, às quais ele quer que nos sujeitemos.” As Pastorais, São Paulo, Paracletos, 1998, (1Tm 2.11-12), pp. 73-74.

“Aquele que está acima da lei pode proceder assim; sendo, porém, um caso extraordinário, não se conflita com a norma constante e costumeira.” As Pastorais, São Paulo, Paracletos, 1998, (1Tm 2.11-12), pp. 73-74.

“… não há absurdo algum no fato de um homem mandar e ser mandado ao mesmo tempo em relações distintas. Mas isso não se aplica no caso das mulheres que, por natureza (isto é, pela lei ordinária de Deus), nascem para a obediência, porquanto todos os homens sábios sempre rejeitaram [gunaikokratia], a saber, o governo feminino, como sendo uma antinatural monstruosidade.” As Pastorais, São Paulo, Paracletos, 1998 (1Tm 2.11,12), pp. 73-74.

“Considere ainda agora, se as mulheres não perdem o juízo e a razão quando elas querem governar sobre os homens. Em uma palavra, é loucura. Sendo assim, os homens são feitos para as mulheres?” Men, Women, and Order in the Church: Three Sermons by John Calvin. Dallas: Presbyterian Heritage Publications, 1992, p. 35.

“É verdade que hoje os homens são como que canais através dos quais Deus faz com que sua graça flua para as mulheres. Sendo assim, de onde toda a produção e todas as artes e ciências provêm? De onde o trabalho vem? De onde todas as coisas mais excelentes e mais estimadas vêm? Tenha por certo, isso tudo vem do lado do homem. Assim Deus está satisfeito de que os homens supram as mulheres como a experiência o mostra.” Men, Women, and Order in the Church: Three Sermons by John Calvin. Dallas: Presbyterian Heritage Publications, 1992, p. 35.

“Desde que Deus estava pensando no homem, certamente se segue que a mulher é apenas uma ajudadora [accessory]. E por quê? Porque ela foi criada somente por causa do homem, e ela deve, portanto, dirigir toda a sua vida a ele.” Men, Women, and Order in the Church: Three Sermons by John Calvin. Dallas: Presbyterian Heritage Publications, 1992, p. 35.

“Ela deve confessar: ‘Eu não deveria estar sem orientação aqui, sem saber o meu propósito e lugar. Em vez disso, eu sou obrigada por Deus, se eu estiver casada, a servir ao meu marido e render a ele honra e reverência. E, se eu não estiver casada, eu estou obrigada a andar em sobriedade e modéstia, reconhecendo que os homens estão em alta conta, e de que eles devem governar e que a mulher que não se preocupar com isto esquece a lei da natureza e perverte o que deveria ser observado como mandamento de Deus.’ Isto é, então, o lugar ao qual o apóstolo Paulo traz de volta as mulheres.” Men, Women, and Order in the Church: Three Sermons by John Calvin. Dallas: Presbyterian Heritage Publications, 1992, p. 35.

“E não há dúvida de que onde quer que o próprio decoro natural tem tido seus efeitos, as mulheres de todas as épocas têm sido excluídas do controle dos negócios públicos. E o senso comum nos ensina que o governo das mulheres é impróprio e defectivo.” Comentário à Sagrada Escritura: Exposição de 1 Coríntios. São Paulo: Edições Paracletos, 1996, p. 438.

Por: Ewerton B. Tokashiki

Fonte: Semnário JMC



Sobre o autor: João Calvino

João Calvino (Noyon, 10 de julho de 1509 — Genebra, 27 de maio de 1564) foi um teólogo cristão francês. Aos 14 anos foi estudar em Paris preparando-se para entrar na universidade. Estudou gramática, filosofia, retórica, lógica, aritmética, geometria, astronomia e música. Em 1523 foi estudar no famoso Colégio Montaigu. Em 1528, com 19 anos, iniciou seus estudos em Direito e, depois, em Literatura. Em 1532 escreveu seu primeiro livro, um comentário à obra De Clementia de Sêneca. Em 1533, na reabertura da Universidade de Paris, escreveu um discurso atacando a teologia dos escolásticos e foi perseguido. Possivelmente foi neste período 1533-34 que Calvino se converteu, por influência de seu primo Robert Olivétan.

Calvino teve uma influência muito grande durante a Reforma Protestante, que continua até hoje. Portanto, a forma de protestantismo que ele ensinou e viveu é conhecida por alguns pelo nome calvinismo, embora o próprio Calvino tivesse repudiado contundentemente este apelido. Esta variante do protestantismo viria a ser bem sucedida em países como a Suíça (país de origem), Países Baixos, África do Sul (entre os africânderes), Inglaterra, Escócia e Estados Unidos.

Nascido na casa dele , ao norte da França, foi batizado com o nome de Jehan Cauvin. A tradução do apelido de família "Cauvin" para o latim Calvinus deu a origem ao nome "Calvino", pelo qual se tornou conhecido. Calvino foi inicialmente um humanista. Nunca foi ordenado sacerdote. Depois do seu afastamento da Igreja Católica, este intelectual começou a ser visto, gradualmente, como a voz do movimento protestante, pregando em igrejas e acabando por ser reconhecido por muitos como "padre". Vítima das perseguições aos huguenotes na França, fugiu para Genebra em 1536, onde faleceu em 1564. Genebra tornou-se definitivamente num centro do protestantismo europeu e João Calvino permanece até hoje uma figura central da história da cidade e da Suíça.[1]

Martinho Lutero escreveu as suas 95 teses em 1517, quando Calvino tinha oito anos de idade. Para muitos historiadores, Calvino terá sido para o povo de língua francesa aquilo que Lutero foi para o povo de língua alemã - uma figura quase paternal. Lutero era dotado de uma retórica mais direta, por vezes grosseira, enquanto que Calvino tinha um estilo de pensamento mais refinado e geométrico, quase de filigrana.

Segundo Bernard Cottret, biógrafo francês de Calvino: "Quando se observa estes dois homens podia-se dizer que cada um deles se insere já num imaginário nacional: Lutero o defensor das liberdades germânicas, o qual se dirige com palavras arrojadas aos senhores feudais da nação alemã; Calvino, o filósofo pré-cartesiano, precursor da língua francesa, de uma severidade clássica, que se identifica pela clareza do estilo".

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Última atualização: 03/08/2020 8:56:00



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